Sobre o papel que eu não quero

novembro 06, 2016


Já faz um tempo que deixei de escrever sobre as coisas da vida, ou até mesmo as coisas que andam acontecendo comigo. De certa maneira, isso foi bom, afinal de contas me deu mais tempo para pensar junto aos meus parafusos todo o turbilhão de emoções que passei e continuo passando.

Muita coisa aconteceu nesse meio tempo e confesso que tentei escrever sobre, inclusive para me organizar, mas não deu muito certo. Para resumo de conversa, tudo isso tem haver com escolhas, as que tive que tomar e as que me neguei a executar e é justamente por isso que hoje resolvi escrever, para tentar dar uma luz não só para quem sente o mesmo, mas para provar a mim mesma que no fim, tudo passa.

A maior parte do tempo nos submetemos a lugares e papeis que não nos pertencem: o lado mais fraco da relação, aquele papel de trouxa básico, aquele dedo podre que não pode ver alguém que não combina com você que chega a tremer, enfim, aquela sensação de que tudo isso nunca irá embora e sempre vai fazer parte de quem você é. Pois bem, trago verdades: não é bem assim. Confesso que escrever sobre isso não é tarefa fácil, ainda mais quando você mesma acaba de quebrar todos esses paradigmas e amarras que impôs para si mesma. Toda essa coisa de sofrer, de ser fraca, de ser trouxa, de ter dedo podre, você criou, é uma coisa que você decidiu ser e ninguém, além de você mesma pode pegar o martelo e sair quebrando tudo.

Temos o costume de dizer que falar é muito mais fácil do que fazer. Confesso que já cheguei a dizer isso uma porção de vezes, mas a real é que se você tem vontade o suficiente para fazer acontecer, acontece. Acontece também de estarmos tão acostumados a nos sentirmos mal e nos culparmos pelas coisas ruins que acontecem em nossas vidas que acabamos aceitando segurar esse b.o. que não nos pertence.

Certo dia me deparei com uma pessoa que não era eu, que não estava seguindo o caminho dos meus sonhos, que gastava meu tempo pensando em como conquistar uma pessoa que não quer ser conquistada. Vocês sabem como arianos são, né? Adoramos uma conquista, um joguinho... Mas nem tudo pode ser conquistado, afinal de contas, as grandes potências já passaram por ai conquistando todos os territórios. Me deparei com uma pessoa que estava indo pro lado errado. Eu estava indo pro lado errado. Então me vi prestar um papel que eu não quero, que não é meu e que eu não devia estar fazendo. Hoje eu dou risada, mas no dia faltaram lágrimas para demonstrar o quão decepcionada eu estava comigo mesma, então me veio a mente uma frase de Chico Xavier "isso também passa..." e de fato, passa mesmo.

Naquele dia, tendo em mão todos os sentimentos irrecíprocos, juntei tudo e taquei fogo. Porque o lixo já não seria suficiente. Logo após, peguei um papel em branco e comecei a escrever uma nova história, onde não haveria papeis que me arrependeria, ou que me fizessem mal. Nesse dia resolvi e aprendi que há papeis que ninguém precisa seguir ou cumprir e que não há nada melhor que saber pra onde está indo.

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